Literacia foi tema da formação de voluntárias

Os níveis de literacia e a formação do leitor hábil foram temas da atividade promovida pela Enlace na tarde do último sábado, 21 de maio.

O professor de história e pedagogo Eduardo Sallenave deu um panorama dos caminhos pelos quais uma criança e jovem se torna um leitor hábil. Segundo ele, qualquer ação de ensino e aprendizagem deve partir do conhecimento do aluno, que deve ser diagnosticado pela família e pelo professor antes de iniciar uma atividade. Ele ressaltou como a base da trajetória educacional é o domínio da linguagem e resgatou a importância do domínio do trivium, três disciplinas básicas que desde a idade média orientam o ensino, a saber a gramática (entendimento das regras que orientam a escrita), lógica (articulação de conceitos para um pensamento reflexivo coerente) e retórica (expressão oral adequada).

A  literacia  é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes relacionados à leitura, à escrita e sua prática produtiva. Ela se organiza em três dimensões, sendo a literacia básica composta por atividades de pré-alfabetização, em que a criança até os seis anos deve relacionar letras e sons, ler de forma automática e reconhecer automaticamente as palavras. Na fase seguinte de desenvolvimento infantil, até os nove anos, se compreende a literacia intermediária, que prevê o desenvolvimento da fluência (velocidade, precisão e prosódia adequada), enquanto que na literacia disciplinar, em geral a partir dos dez anos de idade, se espera a leitura para se aprender, como uso dos livros para que a pessoa continue se educando e siga sua vida de estudos, sendo capaz de aprender sozinho.

“Não há motivo para alguém chegar aos sete anos de idade e não ter sido alfabetizado ainda. Alfabetizar uma criança exige ordem e método constante, mas não é algo possível apenas aos muito letrados e com currículo acima da média”, ressaltou ele, que trabalha na Secretaria de Alfabetização do Ministério da Educação, indicando que pais e educadores devem ter altas expectativas com relação aos filhos e alunos, acreditando que eles são capazes, de maneira realista, sem esperar que ele siga a exceção. “Leitor hábil é o que emprega a linguagem escrita de forma proficiente, com uma leitura em um contínuo. Um leitor hábil terá mais facilidade de ser um escritor hábil,” disse.

O educador ressaltou que as atividades de ensino não devem ser aleatórias, tudo que se faz em sala de aula deve ter uma intencionalidade pedagógica. Segundo ele, é fundamental pedir desafios adequados ao nível de aprendizagem de cada criança sem inventar demais, fazendo o simples, mas sem dar apenas o obvio.

Entre as recomendações para pais e professores, foram citados o jogo virtual internacional Grapho Game, adaptado pelo Ministério da Educação para a realidade brasileira e que  ajuda os estudantes da pré-escola e dos anos iniciais do ensino fundamental a aprender a ler as primeiras letras, sílabas e palavras, com sons e instruções em português brasileiro, com uma dinâmica de jogo baseada em evidências científicas, para desenvolver a ortografia e as habilidades de leitura.  Clique aqui para baixar.

Outras indicações para estudo e leitura são as obras Como ler livros, de Mortimer Adler; Como falar, como ouvir , do mesmo autor em coautoria com Hugo Langone; Como falar corretamente e sem inibições, de Reinaldo Politto; Comunicação em Prosa Moderna, de Othon Garcia; e  Aula Nota 10, de Doug Lemov,  entre outros textos.

Sem romantismos pedagógicos

Após a palestra, o secretário de Alfabetização do Ministério da Educação, Carlos Nadalim, apresentou a necessidade de que os educadores evitem experiências anedóticas que só consomem o tempo das crianças e não tem qualquer evidência científica. Segundo ele, frases como “cada criança tem seu tempo”, ou “a “habilidade de aprender depende do temperamento”, repetidas nas redes sociais e também por certos professores mascaram o fracasso de muitas escolas e divulgam métodos duvidosos e sem qualquer comprovação de efetividade junto aos pequenos. Ele ressaltou como as crianças mais vulneráveis precisam de ajuda para desenvolver a linguagem e a necessidade de que os educadores criem espaços de literacia.  Ele indicou os vídeos e material didático do programa Conta pra Mim como um suporte gratuito para que educadores e famílias estimulem o hábito de leitura dos filhos, para colocar a literacia em prática, no dia a dia com as crianças.  Saiba mais aqui.

Indicou que todos façam o curso gratuito Prática de Produção de Texto. Nele, por meio de frases contextualizadas, qualquer pessoa pode aprender o uso dos sinais de pontuação, a conjugação verbal, a concordância, a regência, as conjunções e as locuções, entre outras regras de gramática fundamentais para a compreensão, interpretação e redação de textos.

A formação contou com a participação das voluntárias e profissionais da Enlace, e também de interessados no tema. A cada mês, uma nova atividade de formação e promovida para garantir o alto nível de todas as ações da Enlace e que as alunas assistidas nos diferentes projetos da Enlace sejam bem orientadas por profissionais capacitados em temas atuais. Clique aqui e saiba como você pode auxiliar a Enlace.

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